26 abril, 2008

Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,Têm de serRidículas.
Mas, afinal,Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amorÉ que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por issoCartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,Como os sentimentos esdrúxulos,São naturalmenteRidículas).
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.Amar é pensar.E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.Tenho uma grande distracção animada.Quando desejo encontrá-laQuase que prefiro não a encontrar,Para não ter que a deixar depois.Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
O amor é uma companhia
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Fernado Pessoa.

Eu... 14:39.PM - 14/11/07

A vida é comparada uma série de desventuras e experiências.
É como um prato de comida, as vezes agrada, as vezes não,
tem vezes que esta deliciosa, mas tem outras que nem consegue se engolir...
Mas uma coisa é certa: A vida foi feita pra ser vivida, basta degustá-la um dia de cada vez.
Lá se foi mas um por do sol, mais um dia
Se findou, isso significa que mas tempo
Nossa amizade tem.
E eu posso ter certeza que ela brilha mais e mais
E a cada dia, por muitos anos nossa amizade vai prevalecer
Suportando o tempo tendo muitas histórias para contar.

Eu te amo! Gostaria de provar seus beijos,
Sinceramente, eu sempre os quis mas o medo era maior.
Sempre desejei de maneiras diferentes e assim o tive, sem toca-lo.
Não sabes quantas vezes desejei beija-lo, abraça-lo
Mas me contentei em amá-lo de longe. Diga que me ama, e eu estarei lá,
Vou correndo, vou depressa te alcançar.

Amar de longe – 22/2/01.

Carlos Manuel Arit

Vigio a mim mesma para ter certeza de minhas intenções.
Confusa, sinto uma pressão no peito, meu corpo se esvai
Num vacilo ofegante.

Eu sinto mas não entendo, desvio meu olhar para que as coisas
Não fiquem piores do que já estão.
Estou louca! Não, mas confusa; sinto uma agonia tão grande
Em meu peito e uma vontade de gritar!
No silêncio sinto minhas lágrimas rolarem.
Amarga maturidade, sempre comum
Com preço alto a pagar, o que sinto eu não sei.

Seria mais fácil se existisse um livro para consultar ou quem
Sabe apenas imaginar.
Por que essa revolta me toma dando luz a aspectos imprevisíveis,
Fazendo brotar emoções e sensações maravilhosas e ao mesmo tempo
Tão tortuosas.

Vigio a mim mesma e ainda assim não tenho certeza do que sinto,
Vivo e ainda assim não sei o que sinto.
Vigio a mim mesma para ter certeza de minhas intenções.
Confusa, sinto...
Desejo mais não entendo...


Fascina-me a brancura da açucena,
- as flores alvas são as mais bonitas -
mas me atraem com forças infinitas
teus olhos negros, tua tez morena.

Como as flores, também, casta e serena, aos
Desejos de amar, por certo, incitas, porém,
Só vejo, em ânsias vãs, aflitas, teus olhos negros,
Tua tez morena.

Arrastaria tudo, humildemente
(a alma livre da angústia que a condena)
para ter-te afinal sempre presente,
e se adorar-te fôsse a minha pena amaria
em silêncio, eternamente,
Teus olhos negros...tua tez morena.

Mundo abstrato – Rio, 06/12/98.

Sobrevivo fora dessa realidade mundana, respiro contos e fantasias,
meu mundo é uma folha em branco pronto para ser preenchido com delírios.
Dimensão criada a partir de minhas frustrações, medos e anseios que tem total

domínio no mundo real. Num alívio imediato me mundo passa a ser o abstrato.
Sobrevivo aos que consideram esse mundo real, sobrevivo mergulhada nesse mundo
de delírios e sonhos fugindo desse que parece ser o real e imediato.

Eu ainda sinto... – Rio, 26/11/98.

Pensei estar completa achei estar feliz e livre, sem ter que ficar tentando e tentando. Mas de repente senti meu peito acelerar, o bater descompassado, meus olhos brilharam vacilantes. Olhei-o e numa surpresa tamanha tudo parecia totalmente errado pois desejava estar presa aos seus abraços, não sabia mais dizer adeus tudo longe de você parecia tão angustiante.
Eu o vejo e o alívio é certo, cada momento parece tudo e mesmo longe em minhas lembranças mergulho sem notar e tudo fica bem.
Minha euforia é pouca e minha ânsia é tamanha, achei que nada disso me tomaria. Tudo parece tão certo, tudo parece estar bem e tamanha é minha paz ao me sentir invadida por essa bizarra alegria.
E se houver um fim, de repente tudo acabar. E na próxima vez como vai ser?! E seu eu não me conter? E se isso virar um vício como irei suportar?
Tudo isso que sinto; meu coração acelera descompassado, tudo isso que acontece; meus olhos brilham intensamente, e mais uma vez tudo tremeu e senti subir um medo vacilante. Quanto sofrimento eu poderia ter evitado se meu olhar tivesse desviado, se o passado tivesse enterrado, se tivesse pensado como tudo poderia ter acabado, olhar e olhar novamente enxergando-o como mais um aprendendo a me defender dessa atração que sinto por você.

Doce morte – Rio, 20/11/99. – 22:45

Doce morte com tão acolhedora agonia... Com que finalidade seguem essas linhas, juntando palavras, transbordando sentimento?
Tantas voltas foram dadas e nenhuma recompensa foi alcançada. O que esta realmente claro entre nós? O que os lábios balbuciam, clamam...
É tanto pesar que dilacera o coração; magoa, fere, machuca tanto a alma como o corpo sem me permitir mudar.
Acreditar que há mais, que essa dor possa passar, ver muito mais além do sentido, sonhar para que no fim depois de tanto tentar apenas não ficar e chorar.
E depois? Sentir no peito um torpor, uma dor que sufoca, descansar dolorosamente e falecer em pensamentos. O que posso dizer ou acreditar, se no final só sei chorar; por tantas vezes perdi o juízo, senti meu coração ferido e no final chorar e chorar.
A essa doce morte ressentida, magoada, ferida que emudece. Quanta loucura trazida a tona, tona angustia mortificada minha alma dilacerada. Chorar essa dor tão carnal, sentir estar viva e respirar mais não aliviar.
Doce morte, pesada sensação do pesar.
Doce morte, que o pode desprezar.

Apenas palavras – Rio, 14/06/99.

Dia e noite eu procurei a palavra certa,
passei tanto tempo procurando, pensei, mais uma vez procurei...silêncio.
Arrisquei e voltei a procurar tal palavra que definisse o que sinto mas uma vez nada encontrei.
Não tem jeito, a única palavra que posso dizer é que amo você,

isso não é nada quando gostoso mesmo é sentir todo seu significado.
Por tanto tempo eu procurei, pensando nunca achar, por tanto tempo eu
pensei que nunca fosse te encontrar.
Dia e noite eu procurei a palavra certa, mas acabei descobrindo que é muito

mais gostoso sentir do que dizer – amo você.
Claro que ainda posso dizer e escrever só pra você!! –Eu amo amar você!!!

Pedaços de mim – Rio, 07/02/01.

Por quantas vezes busquei compreensão. Será que tem alguém que possa me compreender?
Como cobrar pelo que sinto? Como posso exigir isso se meu coração esta fechado?
Reconheço. Sorte minha e sua eu não ter enlouquecido também.
Tenho andando sem rumo, distraída, impaciente, vulnerável,despedaçada

e por diversas vezes sendo colada. Tanta coisa passou, mudou, aprendi, vivi mas no final continuo frágil, caminhando só. Quando poderei botar para fora tudo aquilo que agüentei???
Por quanto tempo a minha vida será tão estranha? Por quanto tempo fingirei a minha partida? Por quantas vezes morrerei? Tudo anda tão complicado; meu mundo é demasiado complicado...

Questões

Dor do quê? Amor por quê? Medo do quê? Angustia da onde?
Por que amar alguém de tão longe em vez de amar alguém de perto?
Como amar você assim tão longe de mim?
Dor do quê? Angustia da onde?

Meu nome é solidão – Rio, /10/00 – 2:31AM

Estar só deveria ser comum, pelo menos pra mim, mas ninguém esta realmente pronto para isso.
Estar só é diferente de solidão, a mais triste e negra solidão que devora a alma.

É aquela que te pega e mostra da maneira mais dura que se esta completamente e simplesmente só.
É duro enxugar as lágrimas, enxergar que se está extremamente só.

Se nasce um sorriso não demora muito e ele morre, desfalece,
o semblante escurece e a lágrima desce...sozinha.
Quantas vezes você já sentiu o gosto do óbvio,

mas a questão é o quanto se agüenta se cada dia se morre um pouco mais.
Estar só deveria ser comum, pelo menos para mim, mas ninguém esta realmente pronto para isso.

Estar só é diferente de solidão, a mais triste e sórdida solidão que devora a alma.
Estar só, dolorosamente só é quando você estende sua mão e não há ninguém para segurar.

Chuva de sentimos – Rio, 24/02/01

Venha comigo e eu lhe mostrarei o que sinto,
mostrei com é muito simples ser feliz.
Olhe nos meus olhos, sinta a força do que lhe digo,
olhe e sinta essa força tomando conta de você.
Não tenha medo, não use a chuva como desculpa
para encobrir suas lágrimas.
Será que é tão difícil entender o que sinto por você?

Complicações da paixão – Rio, 7/02/01

Tão grande quanto minha expectativa do que realmente sinto é a certeza de estar marcada com o seu cheiro.
Diante de tantas dúvidas e medos tenho alguma certeza e a possibilidade de me sentir segura, amada e desejada.
Gostaria que fosse simplificado o pelo menos abreviado o sofrimento de espalhar ou contar aos quatro ventos a
fórmula da felicidade; pelo menos a da minha...
E quase sempre aqueles que acreditam estar certos, erram demonstrando sua intolerância.
Acabam exagerando nos seus conceitos, nos seus atos exigindo perfeição não herdada, sucumbindo ao caos, aumentando os problemas.
Me pergunto o que torna as coisas realmente complicadas? Responda-me com sua lucidez, pois na lógica dos amantes nada mais faz sentido.
No quê ou em quê o amor vacila complicando tudo aquilo a sua volta? Como elimina tanta certeza, oscilando entre a loucura e a certeza, transbordando tantas sensações fantásticas a ponto de dar tanto medo em tanta certeza.